sábado, 21 de abril de 2012

“Eu sinto como se a gente nunca tivesse terminado”

Assim, Marisa Brito resumiu um dos momentos mais aguardados da música paraense: a volta, ainda que só por uma noite, da saudosa A Euterpia! O local não poderia ser mais adequado: o palco do Café com Arte, que já protagonizou shows inesquecíveis da banda em meados dos anos 2000. E o combo A Euterpia + Café com Arte tem um significado especial pra mim: foi por causa da banda, pra ouvir ao vivo as músicas que eu já curtia pela rádio, que comecei a frequentar o Café e a mudar, definitivamente (amém!), minha vida social - e musical. Parei de ir às "boatchys", aos pagodes, aos forrós e sertanejos (meldeos!). Eu vivia "drogada" e hoje estou curada. Aleluia, irmãos! Mas enfim, vamos voltar ao show.

O público... (gente, que público!). Não lembro de ter visto algo assim na vida. Lembrei logo do filme O Homem do Futuro em que a máquina do tempo transporta todo mundo para a mesma festa e tudo continua ali, do mesmo jeito. A diferença é que ontem, mesmo com tudo parecendo igual como era antes, todos já estavam cinco anos mais velhos, pelo menos. Mas a paixão por Euterpia continua a mesma. Não há dúvidas! Todos ainda sabiam cantar cada verso de cada música. Pularam, gritaram, se emocionaram. Já eu mal conseguia me mexer, por incrível que pareça. Influência do cansaço, claro – afinal, show do Felipe Cordeiro uma hora antes é pra destruir qualquer pé. Mas a verdade é que eu fiquei hipnotizada. Ver a Marisa com a mesma presença de palco (com certeza, uma das melhores que já vi) fez um filme enorme passar pela minha cabeça durante o show. Confesso que às vezes senti até vontade de chorar. Reviver e relembrar meus 17, 18 anos e tudo de mais lindo que aquele tempo me trouxe, foi uma experiência incrível. Acho que quando inventarem o teletransporte vai ser mais ou menos assim.

Deixando de lado Arrigo Barnabé e Veneza, que são clássicas e, óbvio, deixaram todos enlouquecidos no Café, o momento mais surreal pra mim foi a Marisa cantando Lusco Fusco. Aí foi nostalgia injetada na veia! Fechei os olhos e sumi dali. Sei lá em que mundo fui parar, só sei que foi assim: lindo!

O show foi curto, algumas músicas ficaram de fora porque a banda não estava completa e quase não tiveram tempo de ensaiar e blábláblá. Foi mesmo uma participação especial, como dizia no cartaz da festa. Mas acredito que todos tiveram a mesma sensação que a Marisa: a banda parecia nunca ter terminado. Parecia nunca ter parado de tocar o repertório consagrado. Os anos pareciam não ter passado. E a Marisa (aquela fofa!) estava tão à vontade quanto antes. Saudade tem dessas coisas.

Impossível não pensar nas clássicas perguntas “Por que acabou? Será que nunca mais volta?”, mas, como a própria Marisa disse, é bom saber que estão todos bem, felizes, seguindo outros caminhos e realizando outros sonhos. Só tenho a agradecer à Euterpia, à Marisa e ao Café por terem atendido ao meu pedido – que fiz por várias vezes, durante todos esses anos, bem baixinho, quase como uma prece. Muito obrigada, de verdade! Foi inesquecível! E, claro, voltarei a pedir por outros momentos como o de ontem. Vai que...